Investigação

IGP diz que não há irregularidades em exames pré-câncer analisados

Laudo apontou normalidade em 195 dos 196 testes refeitos; MP aguarda manifestação de prefeitura e laboratório

Por Cíntia Piegas e Vinicius Peraça
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* Atualizada às 13h10min para acréscimo de informações

Quase sete meses após o recolhimento de 17 mil amostras de pré-câncer do laboratório Serviço Especializado em Ginecologia (SEG) em Pelotas pelo Ministério Público, o Instituto Geral de Perícias (IGP) divulgou na sexta-feira (15) o resultado da revisão feita em 196 amostras da Unidade Básica de Saúde (UBS) da Bom Jesus. Do total, 195 não apresentaram irregularidades e apenas uma foi discordante, sendo que ainda foi considerado o resultado normal. Na terça-feira (19), às 13h, a promotora pública Rosely de Azevedo Lopes, dará um entrevista para falar sobre os próximos passos, uma vez que a investigação não está encerrada.

"Vou aguardar a manifestação da prefeitura e da proprietária do laboratório para conversar com o pessoal do IGP na possibilidade de fazer mais revisões, nem que seja por amostragem. Por enquanto, os laudos da UBS da Bom Jesus de 2017 e até junho de 2018 emitidos pelo laboratório não apresentaram irregularidades", garantiu Rosely. Segundo o IGP, todas as taxas de discordância dos exames citopatológicos (0,51% que corresponde a um caso) estão entre os limites aceitáveis pelo Ministério da Saúde. O instituto também realizou a separação, identificação e registro de lâminas do posto da Bom Jesus, e neste quesito, alguns estavam fora das caixas referente ao mês e ao lote especificado.

A prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) considerou esse primeiro resultado positivo. Segundo ela, o laudo dá segurança às mulheres para a realização do papanicolau. "Foi um processo doloroso, principalmente para os pacientes da UBS, mas que agora vai recuperar a credibilidade na busca por um exame tão importante para a mulher", avaliou. A chefe do Executivo vai esperar por mais resultados antes de decidir novas medidas sobre o caso. "Prefiro não me precipitar".

Advogada do SEG, Christiane Ualt Fonseca disse que o laudo do IGP reforça a posição defendida desde a divulgação das suspeitas. "Não passou de uma denúncia vazia, sem provas. Tenho certeza que o caminho será esse até o fim, a cada etapa a confirmação de que o laboratório é inocente e nunca realizou os exames por amostragem." Ela afirma que buscará na Justiça reparação pelos danos à imagem do laboratório.

Relembre
Em julho de 2018, um denúncia de que exames papanicolau feitos na rede pública de saúde apresentavam diagnósticos padronizados fez com que uma sindicância interna fosse aberta pela prefeitura. O Ministério Público e a Câmara de Vereadores também iniciaram investigações. A origem da suspeitas se deu após um memorando enviado por funcionários da UBS Bom Jesus à Secretaria Municipal de Saúde apontando que laudos de coletas feitas com mulheres no local indicavam índices de anormalidade abaixo da média. Um dos casos foi da dona de casa Ieda de Ávila, de 51 anos. Nos dois exames feitos no posto foi apontada normalidade. Contudo, um terceiro diagnóstico confirmou tumor em estágio avançado. Ieda morreu no dia 29 de novembro do ano passado.

Logo que surgiu a denúncia a prefeita assumiu temporariamente a Secretaria da Saúde, abriu sindicância e suspendeu o envio de exames para o SEG. O município também abriu processo de de contratação de um novo laboratório para análises dos exames ginecológicos e revisou com as equipes das UBSs as técnicas de coleta do exame. Sob desconfiança da população, uma campanha foi lançada para incentivar as mulheres a realizarem o papanicolau.

CPI
Na Câmara de Vereadores, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi aberta para analisar o caso. No entanto, após reuniões em que foram ouvidos funcionários da UBS Bom Jesus e solicitados documentos da prefeitura, a investigação foi paralisada. Partidos de oposição alegaram que os trabalhos da comissão estavam sendo prejudicados devido ao relator do caso ser da base do governo - Enéias Clarindo (PSDB). Com isso, a apuração foi encerrada sem resultado e um relatório paralelo feito por PT, PDT e PCdoB foi encaminhado ao MP.

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